Devaneios

Reparo na imensidão de pessoas que já se cruzaram comigo, naquelas que tive o privilégio de conhecer, e privilégio porque são verdadeiras e gosto de hoje mantê-las no meu coração, naquelas a quem gostei de admirar as feições da cara, a cor dos olhos, o tipo e cor do cabelo, macio, sedoso, naquelas a que sorri por simpatia, outras por agradecimento, umas tantas outras só para fingir estar bem. Naquelas a quem troquei um obrigada, um de nada ou um simples Bom dia. Nós não conhecemos as pessoas pela cara mas pela cara as reconhecemos. Eu sempre tive um fascínio para olhar nos olhos das pessoas, gosto disso porque é como se mergulhasse num oceano de cores, de emoções, ilusões, sofrimentos, desejos, ambições, recordações, tentava aperceber-me da dimensão da pessoa, do seu mundo, do seu lugar. Hoje o gosto mantém-se mas sinto uma fragilidade da minha parte, noto que já não reparo nos olhos de todas as pessoas, não lhes percorro a alma como um arrepio, suave, já não há aquele fascínio. Reparo agora que nunca o fiz a todas as pessoas que já me cruzei, não foram todas as que falei nem a todas que sonhei, lembro-me agora que foi a ti, que tinhas para mim um fascínio enorme, um alvoroço interno, um tremer de coração, umas palpitações esquisitas, a partir de ti quis conhecer mais gente mas o fascínio resumiu-se apenas a ti e em ti se perdeu. Julgo eu.

Nota: Não há aqui romance, antes fosse xD, apenas uma fonte de inspiração.