sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Encontro-te.

Encontro-te em todas estas manhãs frescas de outono, não há uma em que eu não te veja, nem que seja pela frincha da porta velha e enferrujada da estação. A verdade é que nem sempre vejo os teus olhos de perto. Gosto de te olhar nos olhos... esses olhos enigmáticos que olham os meus também. 
Não sei porque sinto necessidade de te olhar, nem porque sinto a necessidade de te ver todos os 5 dias da semana. Não sei.Talvez eu goste mesmo de ti, talvez eu não consiga me afastar de ti. Não me dás nada, há muito que não dás, a última palavra que ouvi de ti foi "Boa tarde", e isso não quer dizer muito ou quase nada.
Não sei porquê que continuo aqui, a esperar por ti a amar-te assim, a sonhar contigo, deitar-me "contigo" e acordar com a esperança de te ver.
Vivo com esta incerteza, a mesma incerteza que o teu olhar me provoca quando se cruza com o meu, não é por acaso, mas se não o é devias provar-me a razão de isso acontecer.
E eu encontro-te em todas estas manhãs frescas de outono, os nossos olhos fixam-se um no outro mas não há palavras, não há uma acção, há apenas uns olhares mas a intensidade de um olhar transmite o dobro do sentimento quando olhas nos olhos de quem amas.



P.

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