Vejo uma imagem, um nevoeiro a desenhar no céu límpido de verão uma face, mas eu não consigo perceber quem é. Pareces-me tu. Essa 2ª pessoa do singular que tento saber quem é. Esse desenho teu não é tão perceptível quanto devia ser aos meus olhos. A mim bastava-me um rabiscos, uns traços no sítio certo para perceber que eras tu. Teimo em dizer que não, que esse "tu" não me influencia, que não faz o meu sangue fervilhar pelas veias, desde os pés à cabeça. Minto. Faz tudo isso a cada segundo que me vens ao pensamento. Que "tu" és um desconhecido, com forma ainda irregular, para mim, claro. És uma junção de todos os outros eus que me teimaram em aparecer neste Verão. E todos eles começaram por surgir neste céu límpido de Verão como um nevoeiro, sobre as estrelas que me guiam sobre todos os sonhos que em mim cabem.
Esse lugar longínquo onde te encontrei, em terras não pisadas, desconhecidas. Foste uma boa descoberta e eu que nunca gostei de ser pirata nem de procurar tesouros.
Tu, imagem lúcida que me apareces agora, perto dos meus olhos, que reconheço cada traço da tua face, dos teus lábios, dos teus olhos, do jeito do teu cabelo. Um supro sai-me de leve. O nevoeiro desvaneceu-se.
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