domingo, 13 de maio de 2012

"Algures Longe do Céu" - Concurso da Marcela


Algures Longe Do Céu, 13 de Maio de 2012

Adoro-te.
Seria natural começar-se uma carta para ti com um “Olá, estás boa?”. Porém, esta não será assim. Foste e és uma pessoa demasiado especial para enviar-te uma folha de papel com palavras vulgares, como um olá. Adoro-te adequa-se completamente ao que nos une.
Não sei se o carteiro entregará este pedaço palpável de papel na tua caixa de correio. Não sei se ela existe. Mas há uma que tenho certeza que existe. A caixa de correio do teu coração, onde param todos os pedidos que te fiz, todas as lembranças boas que vivemos e todo o carinho que demos uma à outra. São esses momentos e esse carinho que fazem com que me venham aos olhos lágrimas de saudade, de paz e de amor.
Tenho saudades. Como poderia não ter?! Uma mulher lutadora que desde cedo ficou sem pais, que criou duas crianças sem a ajuda de um companheiro que cedo morreu, que deu todo o amor e carinho às suas netas, que me deu todo o carinho que podia e não podia, nos seus piores e melhores momentos. Estive sempre a teu lado, excepto no dia da tua morte. Estavas doente. Eu sentia que a tua vida estava por um fio. Queria-te ver, abraçar e beijar. Proibiram-me. Acordei no outro dia com o som do choro que assombrava aquela casa que era tua. Chorei, ainda choro. Doí tanto! Como eu sinto a tua falta… Como desejava ver mais uma vez o teu sorriso, sentir o teu abraço e agarra a tua mão que tanta segurança me dava.  
Compreendo agora, passados seis anos, que não era altura de despedidas. Nunca nos despediremos uma da outra porque nunca me deixarás só. Estarás sempre nas minhas lembranças que contigo são vivas, emotivas e divertidas.
Espero que não te tenhas esquecido desta rapariga que, com apenas, doze anos sofreu uma das maiores perdas que alguma vez sofrerá. Perdi a mulher que sempre amarei, juntamente com uma outra.
Lembro-me da forma como pronunciavas o meu nome, resmungavas comigo,  me abraçavas e ocultavas todas as minhas asneiras para não sofrer castigos.
Deixo-te com as melhores partes de mim, com um sorriso saudoso, encantado e um olhar brilhante pelas lágrimas de felicidade e de saudade que me escorreram pelo rosto enquanto cada palavra saía do meu coração.
Jamais esqueças que Deus quis separar o que é inseparável.        
Termino (quase) como comecei,
Adoro-te Avó.
A tua e sempre tua, 
M.




4 comentários:

C. disse...

Ao ler este texto tenho de admitir que fiquei emocionada. A perda de alguém nunca é fácil, principalmente quando gostamos muito dessa pessoa! Mas não te esqueças que a tua avó vai estar sempre lá em cima a olhar por ti :')

Suspiros disse...

Basta-me o facto de ela se manter no meu coração e na minha cabeça intacta. Como alguém especial. Alguém com quem passei a infância e que me fez crescer. :)

M*

Marcela disse...

Obrigada por participares. Já agora se não te importares manda o link da carta por comentário para o post do desafio do mês de maio, sff, para ser mais fácil aceder à tua carta, na altura de escolher o vencedor. Beijinhos.

Sofia disse...

Está tão, mas tão bonito :) tb perdi a minha avó com essa idade... tb a adorava e tb me ficou no coração para todo o sempre... juntamente com o meu avô, que morreu nesse instante por dentro e morreu a sério um ano depois. Saudades e tão boas recordações... :)