terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dos dias de sol com um nevoeiro transparente.

Ontem quando regressava do continente já a caminho de casa, parei uns minutos, secalhar segundos, nos semáfaros de uma avenida. Estava um lindo dia de sol, quente.
Os dias de sol costumam dar-nos alegria, e porquê? Pois -se me permitem vou dar um toque da minha pequena inteligência- o sol transmite-nos vitamina D e ao mesmo tempo "liberta-nos" hormonas o que faz com que estejamos mais bem dispostos, mas nem todos os dias de sol nos propociam dias felizes, e este foi um desses dias.
Quando parei nos semáfaros, do outro lado da rua estava uma senhora já de idade, vestida de uma maneira simples e pobre, com a roupa suja, uns chinelos já velhos com a sola a descolar e rompida pelo uso. Essa senhora que ao princípio não parecia "sem-abrigo" passado uns segundos pareceu-o.
Levava consigo uma saca de plástico cheia de objectos metálicos, alguma roupa e pouco mais. A senhora estava a pedir, enquanto os carros paravam nos semáforos ela ia a cada um deles pedir uma pequena ajuda, que já nada tinha o que comer. Algumas pessoas diziam que não podiam e outras não respondiam.
Naquele dia de sol, que por sinal deveria me proporcionar um bom dia, acabou por ter um nevoeiro, mesmo que transparente. O sol estava lá, mas para aquela senhora era como se simplesmente lá estivesse como todos os dias, sonhava apenas com o facto de puder ter algum dinheiro para puder continuar a sua vida.
Hoje, passamos por ruas movimentadas no Porto, nas cidades mais remotas e observamos já o nível de pobreza que se vive no nosso país, não de agora, nunca foi. Sempre houve sem-abrigos, pedintes, sempre houve isto, mas secalhar hoje há ainda mais e mais, e isso é que custa ver, sendo num dia de sol ou de chuva.

P.

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